Aulas de robótica transformam reforço em apoio à criatividade
- Sexta-feira, 02 de dezembro de 2016, 12h47
No contraturno escolar,
alunos de 9 a 11 anos de uma escola pública de Cascavel, município paranaense
de 316,2 mil habitantes, aprendem programação e montagem nas aulas de robótica.
A proposta da Escola Municipal Aloys João Mann é relacionar o conteúdo ao
aprendizado em sala de aula.
As aulas de reforço vão além
da revisão do conteúdo visto em sala. Nelas, os alunos aprendem robótica como
complemento ao ensino de ciências, matemática e até de português. Isso é
possível e tem agradado aos estudantes, entre eles, Kauã Holzbach, 10 anos de
idade. Depois das aulas, ele costumava ir para casa e ficar frente para a
televisão. Há mais de um ano, Kauã integra o projeto de robótica educacional da
escola. Ele considera as aulas desafiantes e tem aprendido a programar, montar
e desenvolver robôs. “Por exemplo, eu quero que um carrinho ande na sombra, mas
no sol fique parado”, explica. “Achei que era mais fácil, que era só escrever:
faça isso, mas com a robótica descobri que é mais difícil, que há comandos.”
Curioso,
o estudante diz que a profissão do pai, eletricista, já chamava sua atenção e
despertava interesse pela área da tecnologia. “Eu sempre quis conhecer, sempre
quis saber as coisas do futuro, saber como seria melhor, moderno.”
A experiência com robótica
começou há quase dois anos na escola. Atualmente, conta com a participação de
mais de 60 alunos. Gabrielli Dressel, também de 10 anos, diz gostar de
programar e montar, quando está inspirada. Ela cita exemplos do que tem
aprendido sobre matemática, aplicada na prática, graças às aulas no laboratório
de robótica. “Eu já fiz um robô — um carro já também um robozinho”, afirma. “E
também uma cancela, tipo um pedágio. Daí, programava quantos graus ela ia para
cima ou para baixo, quando ela abria, se o sinal estava vermelho ou verde.”
O projeto funciona em sala
equipada com computadores, projetor multimídia, conjuntos para robótica
educacional e impressora 3D. Com recursos federais do programa Mais Educação, o
município investiu no material para o laboratório de robótica.
Prática — De acordo com o professor
Thiago Sodré, instrutor de robótica educacional, as aulas no laboratório
aplicam na prática o conteúdo passado em sala de aula. “O conteúdo de ciências,
como produção de energia, seja eólica, hidráulica, a vapor, tem um ponto em
comum: uma turbina movida por algum fluido que vai converter esse movimento
cinético em energia”, diz. “Então, podemos, com peças de robótica, simular um
moinho de vento, acionar o motor, movimentar a roda e, depois, usar essa
energia produzida em algum item, seja iluminação e funcionamento de um pilão,
algo do gênero, conforme o direcionamento de cada aula.”
Ainda segundo Thiago, os
resultados na aprendizagem das crianças são visíveis. “Com a robótica, eles
passaram a se dedicar mais à leitura, à compreensão da matemática”, afirma.
“Foi significante a melhora porque o aluno, para programar qualquer construção
robótica, tem de ler e escrever bem. Então, ele se esforça na leitura e na
escrita dos códigos, a começar pelo básico — português e matemática —, e já
começa a melhorar.”
Em Cascavel, três escolas da
rede municipal já oferecem aulas do projeto de robótica educacional. O pedagogo
Jocemar do Nascimento coordena a iniciativa no município. “Com a robótica, é
possível perceber que os alunos querem construir coisas e ver aquilo que fazem
no papel e na teoria ganhando vida no computador ou no meio físico”, diz.
“Então, eles têm aprendizado melhor, faltam menos às aulas.”
Para o professor, nas aulas
de robótica os alunos estudam com mais empenho. “São espaços de experimentação
muito bons e ambientes nos quais os alunos têm se desenvolvido bastante.” Ele
espera que cada vez mais escolas possibilitem aos alunos a alfabetização
digital, considerada essencial para as novas gerações. “A alfabetização
digital, da qual tem se falado muito pouco, tem de começar cedo. A faixa etária
ideal para começar a trabalhar esses conceitos básicos de tecnologia com as
crianças é a da alfabetização, entre os 8 e os 11 anos”, afirma.
O projeto de robótica
educacional de Cascavel capacita professores e instrutores, pois a prefeitura
pretende ampliar a iniciativa e levá-la a outras escolas da rede de ensino.
Saiba
mais sobre o programa Mais
Educação do MEC
Assessoria
de Comunicação Social
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