O dia de Natal é celebrado em 25 de dezembro nos países que partilham da tradição cristã e é uma
das datas mais importantes do ano nesses países. É nessa data que se comemora o
nascimento de Jesus Cristo,
tido como uma das pessoas da Trindade Santa (o Filho de Deus) e o Messias, isto é, aquele
que veio ao mundo para redimir os pecados e salvar a humanidade. Sabemos,
entretanto, que não há nenhuma fonte que indique que Cristo tenha nascido no
dia 25 de dezembro. Esse dia passou a ser identificado como o dia do nascimento
do salvador dos cristãos durante o processo de cristianização do antigo Império Romano,
em que várias datas de cultos pagãos passaram a ser assimiladas pelo
cristianismo.
O dia 25 de dezembro coincide com o solstício de inverno no Hemisfério Norte, fenômeno em que o dia se
torna o menor do ano. Essa característica natural passou a produzir uma série
de sistemas simbólicos para as civilizações antigas, incluindo as clássicas,
que floresceram na Europa, como os gregos e os romanos. Na antiga Roma, por
exemplo, ao menos três deuses eram cultuados nesse período: Saturno, Apolo e Mitra. Para
esse último, no ano de 273, o imperadorAureliano instituiu exatamente no dia 25 de dezembro o Natalis Solis Invicti, “Nascimento
do Sol Invencível”, um culto associado à origem mitológica desse deus.
Sabemos que os cristãos começaram a penetrar os
domínios do Império Romano desde as últimas décadas do século I. Na medida em
que a população romana passou a ser maciçamente convertida à religião cristã,
esse culto ao “Nascimento do Sol Invencível” passou a ser associado ao
nascimento de Jesus Cristo. Desse modo, a data de 25 de dezembro foi
ressignificada. Com a conversão do imperador Constantino no século IV, essa associação passou a ficar cada
vez mais presente e universal.
Com o passar dos séculos, o Natal tornou-se, além
de uma festa tipicamente religiosa com seus simbolismos próprios (como o presépio,
criado por São Francisco de Assis na Idade Média), uma festa com diversos
outros símbolos que se mesclam com o simbolismo cristão para compor um ambiente
de alegria e confraternização. É o caso, por exemplo, da árvore de natal, que frequentemente
é montada em espaços públicos e privados na época do Natal para se colocar os
presentes que serão trocados após a ceia. O simbolismo da árvore já estava
presente entre civilizações da Mesopotâmia, como a dos babilônios, e do Norte
europeu, além de estar presente também na tradição do judaísmo arcaico, antes
de ser assimilada pelo cristianismo, sobretudo por SãoBonifácio.
Outro forte símbolo de Natal, o “Papai Noel”, tem
uma trajetória semelhante. Entre os povos bárbaros do Norte da Europa, havia
uma lenda do “velho do Inverno”, que, à época do fim do ano, batia à porta das
casas pedindo abrigo e comida. Quem lhe concedesse o que pedia poderia
desfrutar, no próximo ano, de uma temporada de inverno mais amena. Aos poucos,
a figura de velho e de outras lendas semelhantes passaram a ser associadas à figura
de São Nicolau,
um bispo cristão que pregava na região da atual Turquia no século IV. São
Nicolau ficou conhecido por, no mês de dezembro, presentear crianças que
habitavam sua região. Essa prática de generosidade acabou criando a imagem do
“bom velhinho” que seria dissociada, mais tarde, do referido santo e
transformada em uma figura de propaganda de lojas de doces e brinquedos no fim
do século XIX e início do XX.
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